12.2.24

94 - Lições

 




Não é muito fácil. Porque já estou destreinado e porque, se calhar, ando a ler livros a que se pode chamar sem história bem definida. É como se um grupo de escritores todos com algumas características comuns decidissem fazer um clube em que apenas se podem escrever livros sem história. Ou em que a história apareça em segundo plano, atrás da análise retrospetiva da vida e de, principalmente, da análise das angústias instantâneas dos escritores.

Assim se repente lembro-me do Ian McEwan, do Michel Houelebeq e do David Lodge. Embalados por uma carreira de livros bem aceites, chegaram a um momento em que o que lhes interessa é descreverem-se com maior ou menor grau de exposição, sendo as personagens em que eles encarnam os fios condutores das respetivas vidas.

E se calhar o maior exemplo destes três é mesmo o Ian McEwan e o maior exemplo destes é o livro Lições. É a história da vida de uma pessoa que podia ser contada em 20 linhas e é contada em 600 páginas, sendo que as diferenças entre as duas versões são apenas estados de espírito do autor.

Numa aproximação pragmática, diria que:

  • ·         Roland era filho de um militar e passou parte da sua juventude na Líbia;
  • ·         Quando regressou a Inglaterra foi para um colégio interno;
  • ·         Onde teve lições de piano com uma professora que um dia o tocou intimamente;
  • ·         Um dia, foi a casa da professora, que o seduziu sexualmente e continuou a fazê-lo durante bastante tempo. Roland ainda era menor mas, naturalmente, adorou o abuso. Quando percebeu que a professora queria casar com ele, fugiu algo contrariado.
  • ·         Não foi para a faculdade. Colecionou experiências de vida. Numa delas criou uma relação com a Alemanha de Leste, a qual acabou com a vivência em direto da queda do muro.
  • ·         Para ganhar dinheiro, dava aulas de ténis e escrevia frases sentimentalmente significativas para uma empresa de cartões.
  • ·         Casou com Alissa, uma alemã de quem teve um filho chamado Lawrence.
  • ·         A alemã abandonou-o (e ao filho) para se tornar uma escritora. O que fez com que se tornasse, na minha opinião, num ótimo pai.
  • ·         Casou com Daphne que morreu de cancro. Expandiu a família juntado a Lawrence as duas filhas da mulher.
  • ·         Os filhos multiplicaram-se e criou-se à sua volta uma família muito moderna.
  • ·         Reencontrou Miriam (a professora de piano) e não lhe perdoou o abuso.
  • ·         Reencontrou Alissa, entretanto transformada na maior escritora da Alemanha. E perdoou-lhe o abandono.
  • ·         E foi isto.

É verdade que ao longo destas etapas corre um rio de boa prosa que se transforma num lago de sentimentos. Todas estas pessoas sentem e Roland consegue perceber isso, sendo, no entanto, que a sua interiorização de todos estes sentimentos não deixa de ma parecer uma maratona de algum egoísmo. Tipo parece que estas pessoas apenas existiram (fosse na vida real do livro ou na cabeça do argumento do escritor) para justificar as angústias interiores de Roland. O que me parece manifestamente pouco, porque não deixa de ser apenas um indivíduo, e não muito interessante.

Por outro lado, se eu fosse um escritor que quisesse escrever sobre a família e sobre as relações interpessoais, tentaria fazê-lo menos em volta de um único umbigo e mais aproveitando as individualidades de todas as outras pessoas à volta.

Não é um monólogo porque não é narrado na primeira pessoa, mas é uma história na terceira pessoa em que tudo se passa à volta da primeira. E isso não é muito honesto, porque se calhar, enquanto leitor, preferia ver a história sob o ponto de vista dos outros personagens, quase todos potencialmente mais interessantes que Roland. E o escritor não deixa que isso aconteça e prende-me 600 páginas sempre ao mesmo tipo, inteligente, mas aborrecido.

E eu chego ao fim do livro e não sei que diga. Gostei porque a escrita é competente. Mas sempre que o abria apetecia-me ver uma séria qualquer. Apenas a consciência que apenas a leitura é cultura me fez seguir em frente. Não pretendo reler…Aliás, nem pretendia escrever sobre o livro. Apenas o faço a ver se acordo o cérebro, pouco a pouco, e volta à dinâmica do passado, agora que tempo é maior mas a vontade é menor…


4.4.20

S4

Boneco de neve em quarentena, por jo nesbo

21.3.20

S3

disse a irmã mais nova da mulher maravilha ao ex-robin, dick grayson.
é o que se diz quando não...

12.5.18

S2

dizia aquiles a ulisses num intervalo da guerra de tróia.













11.3.18

S1

ou a falta dele para o descontrolar...

25.5.17

93 - As primeiras quinze vidas de Harry August


Claire North.
É tipo uma reencarnação localizada no género, no tempo e no espaço. Em rigor, contraria todas as características conhecidas de ressurreição, porque o renascimento não depende em nada daquilo que se fez na vida anterior e, para além disso, é-se sempre humano e vive-se sempre a mesma vida. Isto no sentido em que se nasce, vive e morre, para depois tornar a nascer no mesmo dia, no mesmo local, filhos dos mesmos pais, e com memória completa daquilo que se viveu na vida anterior, permitindo assim viver a vida de uma forma diferente. Permitindo evitar erros ou tornar a cometê-los de uma forma mais espetacular. Claro que isto não acontece a toda a gente. Apenas cerca de 1 em cada 500.000 humanos nasce com essa capacidade e a sua designação é, adequadamente, ouroborianos, de ourobouros, a serpente que devora a própria cauda e que se pode considerar que é um ciclo sem fim, sempre a voltar ao ponto de partida. Os ouroborianos tem assim a possibilidade de levarem ao limite o aforismo de Samuel Becket, que dado o meu amor por frases curtas e a minha alguma predileção por ser do contra,  sempre se aluvou (ajustou como uma luva) a mim. Tentar, dizia ele. Tentar outra vez. Falhar. Falhar melhor. Se arrependimento matasse, dizem os brasileiros, toda a gente morria. O que é verdade, exceto para estas pessoas, que não morrem porque não se arrependem e não se arrependem porque corrigem os seus erros de uma vida para as outras. Harry, o protagonista, nasceu no princípio do século (vinte, acho eu), produto de uma apropriação sexual mal consentida de um patrão enganado pela sua mulher sobre uma criada grau 3 na escala Downtown Abbey. Foi tipo um ato sexual do género quem não grita muito alto consente, que se repercutiu no futuro, uma vez que o pai de Harry nunca disse a ninguém que o era. Portanto, Harry nasceu numa casa de banho de uma estação de comboio numa noite fria de inverno e quase não nascia a tempo de ver a mãe escolher-lhe o nome antes de morrer. Viveu adotado pelos, sei lá, caseiros, rendeiros ? e olhado de lado pela família do pai, que percebeu mais ou menos que tipo de comportamento lhe tinha dado origem. Sai de casa, combate levemente na guerra, forma-se não sei em quê e morre. Nasce a segunda vida e lida já melhor com a falta de reconhecimento do pai, o desprezo da família, a alguma falta de afeto dos pais adotivos e todos os restantes ingredientes que compõe a vida de uma criança infeliz. Vai novamente para a guerra mas escolhe melhor o sítio, forma-se noutra coisa que também não me lembro, arranja um emprego ligeiramente melhor e morre outra vez. Na terceira vida já é ele a bulizar os outros na escola, já foge de casa mais cedo, já passa a guerra na Escócia a arranjar aviões (longe dos perigos da frente, portanto), forma-se em medicina e... casa-se com Jenny. isto é importante porque se casou por amor, o que costuma implicar que estava apaixonado pela mulher, o que costuma implicar que quer compartilhar tudo com ela, o que costuma implicar superfelicidade porque geralmente as mulheres adoram os maridos que não tem segredos para elas. Não implicou. Jenny, quando Harry lhe contou tudo, implicou ferozmente com esta imortalidade, chamemos-lhe assim, monogámica e resolveu, não por-se a milhas mas pôr Harry a milhas, internado-o. E não acreditando lá muito no que ele lhe contou. Começando a acelerar, o médico do hospício (leia-se hospital mental, para as pessoas mais teimosas :P) torturou-o e isso fez com que o clube Cronos fosse salvá-lo. Cube Cronos? Pois... Chegou a altura de abandonar a história e teorizar um bocadinho. O clube Cronos era uma associação de ouroborianos que já viveram bastantes vidas e que tratam dos membros recém-chegados à família. Ricos e cheios de sabedoria acumulada em bué de vidas consecutivas, dedicavam-se a ajudar os recém ouroborizados e, a menos que me tenha escapado alguma coisa, a nada mais. Desperdício, apetece dizer. Então esta espécie de iluminatti imortais que já viu tudo e sabe como tudo se vai passar não faz nada que não seja olhar um bocadinho para o seu umbigo ? Parece que não era apenas isso, ou melhor, era, mas para o fazerem, inventarem uma maneira engenhosa de passar a informação. Como já lá vão duas semanas que escrevi a primeira parte deste texto e 3 semanas que acabei o livro, não vai ser fácil. Aliás, e em rigor, penso que intui a ideia, mas como nunca a verbalizei, a verdade é que não sei se percebi ou não. Hora da verdade. imaginemos que um ouroboriano nº 1 (OB1) nascia em 1900 e vivia até ao ano 2000. Acumulava uma vida de conhecimentos e quando nascesse na segunda vida,lá para os 10 anos (quando já tivesse consciência da envolvente) contava tudo a um OB2, que tivesse nascido em 1820. Assim sendo, OB1 contava a OB2 em 1910 tudo o que se tinha passado até 2000. Como OB2 tinha 90 anos em 1910, estava quase a morrer, portanto imaginemos que morria no dia a seguir. Renasceria novamente em 1800, com os conhecimentos da sua vida até 1910, conhecimentos esses que incluiriam a vida de OB1, até 2000. Portanto, OB2 com 10 anos de vida saberia o que se iria passar até 2000. E agora imaginemos que OB2 contaria tiudo a OB3, que em , sei lá, 1810, tivesse 90 anos e fosse morrer logo a seguir. A situação seria:

  • 1810 - OB2 tem 10 anos e recebeu informação de OB1, sabendo tudo até 2000.
  • conta tudo a OB3 Q, que nasceu em 1720 e que em 1810 tem 90 anos; 
  • OB3 morre logo a seguir, e renasce novamente em 1721, sabendo tudo desde 1720 até 2000, uma vez que incorporou os conhecimentos de OB2 e OB1.


Ao fim de algumas gerações, toda a gente do Clube cronos passou a saber tudo o que se ia passar, sendo essa vantagem capitalizada para (por exemplo via apostagem) enriquecerem todos. E depois, com o poder do dinheiro e do conhecimento, havia os que apenas viviam em regime de carpe ciem, e havia os outros que tentavam mudar o mundo. Disseminando o conhecimento futuro de uma forma mais ou menos discreta no presente, e isto em várias iterações (leia-se vidas), conseguiam que a evolução da sociedade fosse sendo mais rápida de iteração (leia-se vida) para iteração (leia-se vida outra vez). confuso? Nem por isso. Vamos lá a ver, centrando-nos, por exemplo, no Newton.

Um belo dia, lá para 1700, momentos antes de lhe car a maçã, alguém lhe atira, sei lá, com um melão, de maneira a acertar-lhe na cabeça. Em vez de constatar a existência da gravidade, ia logo despachar, para além disso, as outras leis todas. O princípio da inércia porque se o melão estava parado  e de repente lhe caiu na cabeça, isso deveu-se com certeza a alguma força que nele foi aplicada. A segunda lei porque sentiu também na cabeça, a massa do melão e o que lhe doeu deveu-se certamente à velocidade com que se aproximava cada vez mais da sua cabeça, naqueles segundos em que durou a trajetória e em que ele nada pode fazer para o evitar. Por fim a  lei d acção reacção porque depois de levar com o melão no melão, despediu o jardineiro por laxismo. Ao descobri as 3 leis de seguida, pode poupar muito tempo e chegar às outras descobertas mais cedo. E assim sendo, todos o seus discípulos fizeram as suas descobertas derivadas das dele mais cedo, etc, etc. Quando chegaram ao Einstein, nessa vida, já nada era relativo, uma vez que já estava tudo percebido, Vai daí ele seguiu logo para o campo unificado e foi sempre a abrir.

A verdade é que estas antecipações do conhecimento causavam inevitavelmente que a Terra acabasse cada vez mais cedo, por isso o clube cronos tentava contrariar aqueles que tentavam acelerar a evolução, e no fundo é esse o enredo do livro. E quando os apanhava, fazia-lhes do pioria para evitar as acções deles, desde tentar matá-los à nascença, impedi-los d enastre, etc. Aqui, confesso, a cena começa a ficar algo sinistra e desconfortável de pensar sobre. Por isso, vou parar aqui. E agora.

23.12.16

2016

livros (2 por mês)

cherub 1 - robert muchamore
aquário
filosofia da guerra dos tronos
filho dourado - pierce brown
o coleccionador de erva - francisco josé viegas
o bom inverno - joão tordo
mel - ian mcewan
a mesa limão - julian barnes
os olhos de edgar allan poe - louis bayard
o mistério da atlântida - david gibbins
o predador - tess gerritsen
eu, alex cross - james patterson
gravidade - tess gerritsen
a cadeira vazia - jeffery deaver
a ameaça - ken follet
acacia 1 - david anthony durham
estrela da manhã - pierce brown
o orfanato da srta. pellegrine para crianças peculiares - ransom riggs
acacia 2 - david anthony durnham
acacia 3 - david anthony durnham
o peão - steven james
a torre - steven james

filmes (1 por semana)

fantastic four
chappie
halo 4
007 - spectre
sicário
the martian
the lobster
sherlock holmes - the abominable bride
ex machina
parallels
deadpool
assalto a londres
the family
the inside job
dredd
arbitrage
passion
batman vs. superman - dawn of justice
x-men - apocalypse
two nice guys
warcraft
the legend of tarzan
o livro da selva
star trek - beyond
stoker
tomorrowland
arq
shame
easy a
primer
suicide squad
spectral

séries (1 episódio por dia)

minority report 1
killjoys 1
sleepy hollow 2
quantico 1
homeland 5
da vinci's demons 3
the following 3
the 100 2
shannara chronicles 1
the 100 code 1
how to get away with murder 2
sleepy hollow 3
x-files 10
22.11.1963 1
orphan black 1
game of thrones 6
colony 1
the newsroom 1
gotham 3
lucifer 1
wayward pines 2
dark matter 2
the newsroom 2
orange is the new black 1
silicon valley 1
the newsroom 3
silicon valley 2
demolidor 1

música

kurt vile - b'lieve im going down
the decemberists - picaresque
hooverphonic - blue wonder power milk
warpaint - the fool





10.1.16

92 - chappie













É uma mistura entre o robocop e o distrito 12. Em vez de Detroit passa-se em Joanesburgo e este robot é bastante mais fixe e humano que o outro, embora seja 100 por cento máquina. O criador dos robots polícias resolve ir ainda mais longe e desenvolve uma consciência para o stes, sendo no entanto que consciência era a última coisa que os chefes da multinacional fornecedora pretendiam. Teimoso, como qualquer criador que se preze, ainda assim resolve consciencializar um dos robots à força, transformando-o assim numa autêntica criança, completamente permeável aos ensinamentos que se lhe dêem. O que ele não estava à espera era que lhe raptassem o robot, passando assim este a ser educado por um marginal muito mau e uma marginal muito boa, que passam a ser a mammy e o daddy do robot. A coisa corre mal e toda a gente morre, mas chappie, o robot, afinal tinha boa consciência e bastante inteligência e conseguiu uma autêntica redenção religiosa. Transferiu-se a ele, à mammy e ao criador para os corpos novinhos em folha de titânio de outros robots, criando assim uma santíssima trindade humano-cibernética. Que, como tudo hoje em dia, era impossível obter sem uma porta usb...

13.12.15

2015

livros (2 por mês)

andré agassi - biografia
a corte do ar - stephen hunt
a janela de overton - glenn beck
o teste do psicopata - jon ronson
o enredo da bolsa e da vida - eduardo mendoza
lugar nenhum - neil gaiman
a incrível viagem do faquir que ficou fechado dentro de um armário do ikea - romain puertolas
todos os meus amigos são super-heróis - andrew kaufman
o documento r - irving wallace
noite infeliz - seth grahame smith
o time dos sonhos - luis fernando veríssimo
o anjo mecânico - cassandra clare
artemis fowl - eoin colfer
the arctic incident (artemis fowl 2) - eoin colder
the eternity code (artemis fowl 3) - eoin colder
numero zero - umberto eco
o fim da infância - arthur c clarcke
a marca do assassino - daniel silva
uma história comestível da humanidade - tom standage
os leões da al-rassan - guy gavriel kay
o morcego - jo nesbo
sebastião salgado - biografia
mares de sangue - scott lynch
a rainha ginga - josé eduardo agualusa
bruxos e bruxas - james patterson
as violetas de março - philip kerr
nascidos para correr - christopher mcdougall
cyberwar
o aprendiz de assassino - robin hobb

filmes (1 por semana)

hot tube time machine
i, origins
john wick
pride
the giver
como treinares teu dragão 2
dracula untold
hunger games - mocking jay 1
in time
the hobbit 3 - battle of the five armies
interstellar
evangelion 1 - you are (not) alone
evangelion 2 - you can (not) advance
about time
kingsman
another earth
x-men: days of future past
mad max: fury road
captain america: winter soldier
divergente
a ilha
st. vincent
a ressaca
insurgente
vingadores: a idade de ultron
birdman
crank: veneno no sangue
jurassic world
mínimos
terminator genisys
maze runner 2: the scorch trials
john carter
american sniper
misson impossible: rogue nation

séries (1 por dia)

segurança nacional 4
borgen 1
gotham 1
borgen 2
borgen 3
the librarians 1
revolution 2
tyrant 1
the strain 1
the last man on earth
haven 5
true blood 5
game of thrones 5
black sails 2
dominion 1
como defender um assassino 1
wayward pines 1
dark matter 1
mr. robot
sleepy hollow 1
penny dreadfull
sense 8
true detective


música

beach house - thank you lucky star
django django - born under saturn
franz Ferdinand - FFS
mathew dear - backstroke
sleigh bells - bitter rivals
unknown mortal orchestra - multi love
tame impala - currents
beirut - no no no
lana del rey - honeymoon
beach house - depression cherry
st. vincent - st. vincent
the drums - encyclopedia
swans - to be kind
real estate - atlas
perfume genius - too bright
fujiya miyagi - artificial sweeteners
foxygen - take the kids off broadway
foxygen - and star power
fka twigs - lp1
elbow - the take off and landing of everything
cold war kids - hold my home
caribou - our love
broken bells - after the disco
blonde redhad - barragn
alt j - this is all yours
alt j - an awesome wave
dum dum girls - to true
future islands - singles
ejecta - dominae






8.12.15

91 - zero dark thirty













Revi no outro dia, há pouco tempo. Duas semanas, penso eu, já depois dos atentados de Paris. não escolhi rever, apenas me passou à frente e achei que se calhar poderia perceber algo que não me tinha apercebido quando vi da primeira vez. E o que percebi foi que achei ainda mais estúpido agora. Uma coisa encomendada, sem nenhum sentido. Uma apropriação hollywoodiana de um acontecimento que não deveria ter acontecido ou que, mesmo que tivesse que acontecer, a última coisa a fazer era um filme sobre isso. Para dizer o quê? Que foi um grande feito, a nação mais poderosa do mundo demorar dez anos a matar um terrorista que se escondia no meio dos pastores ? E transformar isso numa cruzada de uma qualquer analista de informação ? Foi mesmo por causa dela que os Estados Unidos não desistiram de procurar o responsável por 3.000 mortes ?  E é mesmo importante estar a dar profundidade psicológica aos executores ? Para legitimar o quê ? Hi-fives por um assassinato ? em momentos destes ainda bem que não sou americano. Ia ter muita vergonha deste filme. E é esta a mesma realizadora que fez o Estranhos Prazeres ? Não percebo nada...

29.11.15

90 - violetas de março

Detective privado do tipo cliché em berlim dos anos 30, quando o partido nacional socialista já estava no poder e começava a preparar-se para o que iria fazer na segunda guerra mundial. O detective é contratado por Goering, já não me lembro bem para quê, mas o diálogo entre os dois tem algum interesse. De resto, tirando algumas nuances sobre os judeus, o funcionamento da Gestapo e a aparição fugaz de Jesse Owens a ganhar os cem metros nas famosas olimpíadas, o livro não deixa qualquer marca. Já li dois livros geniais do philip Kerr, a saber, o segundo anjo e o assassino entre os filósofos. Este foi um dos primeiros e ainda bem que as críticas que terá recebido não foram sinceras. Porque se fossem, ele teria desistido e teríamos perdido algo de bom. Agora que este livro não tem nada de especial, isso é incontroverso...


92 - cyberstorm













Apenas umas breves notas para não cair na tentação de ler este livro outra vez, no futuro. Os Estados Unidos são vítimas de um ciber ataque, que no entanto não é desenvolvido em todo o livro. Ao mesmo tempo, acontece uma suposta invasão do território que é não desenvolvida em todo o livro. Isto cria a falência total das infra-estruturas, mas isso tem que ser intuído pelo leitor, uma vez que não é desenvolvido no livro. O livro só fala do que se passa na cabeça de um dos participantes e do dia a dia do seu grupo mais chegado.  Assusta-me pensar que os direitos do livro já foram comprados para o filmar. Que grande seca.

20.11.15

91 - nascidos para correr













Um jornalista americano apaixonado pela corrida que não consegue praticar sem que lhe doa tudo, embarca numa viajem à procura de uma tribo mais ou menos lendária de índios mexicanos que são os melhores super atletas do mundo. Acaba pior, junto com alguns dos melhores ultra-corredores americanos, participar numa corrida contra os ditos índios, em que não consegue ser contra mas sim a favor. A pretexto da corrida, vai contando a história de vários ultracorredores e de várias das corridas mais famosas da América, e das duas uma: ou conta as histórias muito bem, ou então as vidas dos tipos são mesmo interessantes. Entre algumas explicações médicas e científicas acerca do funcionamento do esqueleto em movimento, acabar por se chegar à conclusão que os neandertais eram muito mais completos que os cromagnons e só foram ultrapassados por estes na corrida da evolução precisamente porque não corriam. Livro muito bom. 

17.11.15

true detective


18.10.15

sense 8

Passada a euforia inicial, acho que já consigo articular meia dúzia de ideias sobre o assunto. Digo euforia inicial porque de facto fiquei várias vezes eufórico enquanto via esta série. Ao ponto de publicitar em várias direcções que esta era a melhor série de há muito tempo para cá, e de tentar obrigar toda a gente a vê-la. Erro táctico. Vou mais uma vez ser acusado de viver no realismo fantástico, de acreditar em elfos e não ter filtros anti-ridículo. E daí talvez não, porque longe vai o tempo em que os conhecidos mais chegados levavam à letra as minhas recomendações, chamemos-lhe assim, culturais. A euforia, no entanto e a meu ver, era perfeitamente justificada. Oito pessoas nasceram no mesmo momento e, a partir de uma certa altura, começaram a misturar as suas sensações e os seus sentimentos com os dos outros sete, sem conseguirem estabelecer um padrão comportamental perceptível. Isto tudo lançado por um genérico brilhante, que se pode ver clicando no título a laranja acima e que, assim sendo, me dispenso de comentar , sequer. E depois, olhando para os personagens, temos um homem que se transformou em mulher via operação mas que conservou o bom gosto e arranjou uma namorada. O que parece lógico, dizemos nós todos, mas acontece que logo na primeira cena de sexo entre as duas, verificamos que quem usa o cinto (e durante bués de tempo) é a mulher no ex-homem. Depois de uns breves instantes de alguma (e aqui a palavra brasileira aplica-se mesmo) baralhação, logo reflectimos que afinal faz sentido, porque se ela quisesse usar a pila não a teria mandado cortar. Quando ainda ruminamos o que isto nos faz sentir, passamos para uma dj lindíssima que põe ao rubro com os seus sets uma qualquer mega-discoteca em Londres. Embora não me entusiasme muito com dj's, que geralmente mais não são que vampiros do talento dos outros, confesso que já estava rendido mesmo antes de saber que ela era islandesa... Não foi preciso mais nada para explodir em mim uma paixão cinematográfica intensa como não acontecia desde a Sharon Stone. Continuamos e eis que nos surge um galã de cinema mexicano, de filmes de acção, completamente galã mexicanode filmes de acção mas que mal tem uma folhinha corre para os braços do verdadeiro amor da sua vida, com o qual pina profusamente. O amor da sua vida não engana em termos de género, uma vez que é mesmo um amor. Um amor de homem. Para disfarçar, arranja uma namorada (mulher) escaldantíssima tão fixe tão fixe que dorme no meio deles todas as noites e que se derrete completamente sempre que os vê pinar. E a seguir vem uma coreana magrinha CEO da empresa do pai mas eternamente por este preterida em favor do irmão palerma e desonesto, e que para se livrar dessas frustrações desanca metodicamente em adversários demasiado seguros de si em combates ilegais, daqueles em que toda a gente berra apostas de tal mareia que nunca consegui perceber como o corretor as processa. E depois vem um queniano motorista de uma furgoneta tipo chapa moçambicano, que se chama Van Damme. Quem é que se chama Van Damme? O rapaz ou a furgoneta ? Os dois. Juro que esta parte da trama se passa na Beira, uma vez que os cenários são igualzinhos à zona do Canal A2 montante, já perto da bacia de retenção, onde as escavadoras se vão ver gregas para não se afogarem quando forem fazer a obra. Quem falta ?  Uma bióloga indiana linda de morrer, devota de Ganesh e que é por sua vez endeusada pelo noivo, que é tipo a mistura perfeita entre o indiano moderno e o galã de Bollywood. Meu Deus, que cena perfeita, aquela em que este noivo aparentemente perfeito a pede em casamento. Mas, e como eu bem sei, a perfeição não serve para nada, apenas aborrece as pessoas e o facto é que ela não gosta dele e está morrinha por cancelar o casamento. De quem ela gosta é do sétimo elemento do grupo, um alemão de leste que cresce estigmatizado pelos colegas ocidentais, que o consideram alemão de segunda e que cresce também traumatizado no meio de uma família de bandidos hardcore. Este não fala lá muito, e quando fala o inglês é péssimo. Curiosamente, é ele que desencadeia o momento mais bonito da série, a saber, quando canta em karaoke a música das 4 morenas, que acaba por se propagar por todos eles. Resta o polícia de Chicago, um gajo tão normal que até chateia. Canta bem. Esta comunhão poderia dar azo a momentos brilhantes e a verdade é que dá. As cenas de luta, o sexo colectivo, as 4 non blindes e, acima de tudo, a cena do concerto em que o pai da islandesa toca tão bem que faz com que todos os 8 revivam o momento em que nasceram, e de maneira a que todos nós vemos. Haja coragem. Muito foi e será dito contra esta série, provavelmente com argumentos correctos. A acusação maior é que é panfletária, querendo enfiar-nos garganta abaixo a homossexualidade, abusando no sexo homo, provavelmente para nos habituar a que também é bom. A verdade é que me estou nas tintas, quer para o sexo homossexual quer para o panfletarismo. Quero lá saber.  O que me interessa é que a série é original, bonita e que me proporcionou momentos de arregalar os olhos em frente a um ecrã. O que nestes dias em que cada vez há mais produção mas em que falta muito a imaginação, já é bem bom.

penny dreadful


penny dreadful
Aconteceu uma coisa inexplicável quando comecei a relacionar-me com esta série. Não conseguia deixar de pensar na Jodie Foster, com um daqueles chapéus pequenos com uma rede preta a tapar metade da cara. Porquê? Não faço idéia, mas tratando-se de uma série sobre o inexplicável, não me preocupei muito porque achei esta inexplicabilidade coerente. Mas a verdade é que isto deve ter contribuído como um agente dissuassor, porque passei meses sem que se acendesse em mim a chispa necessária para começar a ver. Achei que ia ser mais do mesmo, e confesso que já não tinha muita pachorra para zombies e vampiros. E, obviamente, ou seria um ou seria outro. Achava eu. Um dia, lá comecei a ver e impressionei-me imenso com o genérico. Diga-se de passagem rápida que estes estão cada vez melhores e que as últimas obras de arte que eu vi foram genéricos de televisão. Velas Negras, Sense 8, Game of Thrones, este Penny Dreadful, Sleepy Hollow... Este não é propriamente bonito... eu diria que é, sei lá, denso... denso é uma palavra apropriada... A série começou com um previsível Jack o Estripador, o que me fez levantar uma sobrancelha com algum enfado, mas uma farpa de realidade acertou-me logo que as duas prostitutas comentaram o destino da ex-colega. Logo a seguir apareceu o vampiro, o que quase me fez levantar da cadeira e ir embora. Só não o fiz porque estava no sofá. Mas logo acalmei, porque era um vampiro feio, velho e enrugado, tipo Bela Lugosi mas careca e nu. Tinha zero de glamour, mas metia bués de medo. Fui assim mergulhando numa mistura de realismo com romantismo, ou talvez vice-versa, em que os inevitáveis clichés vitorianos desfilam mas com atitudes e novidades nunca antes por mim imaginadas, sequer, que fará observadas. Tipo, estava lá o Frankenstein, mas desta vez criou uma criatura sensível, inteligente e não extremamente feia, ao ponto de começar a interagir com a dita (criatura). E quando tudo estava a correr bem, quando achavamos que tinham destruído um cliché e que a famosíssima criação de frankenstein era afinal um gajo fixe, eis que aparece a verdadeira e primeira criação de Frankenstein, que afinal não é um gajo fixe e que mata a sua segunda versão, cumprindo assim o cliché. E a seguir aparece o Dorian Gray, absolutamente perturbador, a fazer aquilo que o Oscar Wilde não teve coragem para pôr no livro e, muito provavelmente, indo ainda mais além. Este Dorian Grey bebia absinto às goladas, ouvia música eruditamente, fazia sexo com prostitutas infectadas com tuberculose para, e penso que foi ele que se referiu a este acto nestes termos, foder a morte, apostava em quantas ratazanas é que um cão de uma qualquer raça inglesa famosa matava em 60 segundos, e por aí fora... e ainda teve tempo para possuir sexualmente um americano que é o homem de acção do grupo e que só percebemos qual o seu verdadeiro enquadramento quando, no últimos episódio, se transforma naquilo que viria a ser o primeiro  lobisomem americano em Londres. Mas muito mais acontece, nesta série que, pouco a pouco e sem qualquer subtileza, vai escalando sempre até ao ponto de perder completamente as estribeiras, mas conseguindo sempre manter-se séria... a série... a sério...

sleepy hollow

Confesso que embora já várias vezes tivesse pensado em rever o filme, não tinha lá muita apetência por ver esta série. Principalmente por achar que não ia acrescentar nada de novo aquilo que já conhecia, por achar que não ia ter um crescimento cultural proporcional ao tempo que ia dispender a vê-la. Estava (e ainda estou) refém daquela sensação de inutilidade latente causada por estar a dedicar demasiado tempo ao entretenimento puro, tipo, a vida é trabalhar de dia para ver séries à noite? É para isto que me esforço e correr para o sofá mal posso? É nisto que penso durante o dia quando me aborreço no trabalho a, chamemos-lhe assim, a trabalhar ? Atribuo estes devaneios ao marasmo social que atravesso actualmente, em que de facto os dias são trabalho-casa-trabalho-casa-etc... Em tempos idos, tinha tantas outras coisas (primeiro boas e depois más) que me monopolizavam o estado de espírito que, quando me sentava a ver séries ou filmes, via-os concentradamente, e quando acabava de os ver ia viver a vida ou então, numa segunda fase, pensar na vida. Agora que as hormonals acalmaram e o inevitável acabou por se instalar, vejo as séries mas preocupo-me se não estou a desbaratar demasiado tempo (e demasiado cérebro) nessa actividade. Não tendo chegado a nenhuma conclusão quanto a isso, decidi ser razoável e ver o raio das séries sem drama, até porque feitas as contas, isso ocupa-me 50 minutos por dia, aproximadamente o mesmo tempo que passo diariamente na casa de banho, contando obviamente com o banho, o tempo de leitura na sanita e a recuperação pós corrida, uma vez que tenho que parar de suar antes de ir para o banho. Senão não vale a pena. Tomar banho. Adiante... Estando assim resolvido o problema da legitimidade no puramente lazer, ainda assim tenho um bichinho cá dentro que não me deixa sossegado se não tentar dar alguma utilidade ao tempo despendido. Não sei onde está, o bichinho, se soubesse já o tinha encaminhado intestinamente para que deixasse de me aborrecer. Assim sendo, continuo a tentar que o lazer televisivo tenha algum retorno. Estas linhas pretendem ser o retorno das dez horas que passe a ver a primeira temporada. Que estas linhas terão algum interesse, não tenho grandes dúvidas. Que falem muito da série, isso, é que não me parece que vá acontecer sempre. Ichabod é um soldado inglês que começa logo a tornar-se um gajo fixe porque, na guerra civil americana, não só muda de lado como se torna uma espécie de agente secreto de George Washington, via maçonaria, obviamente. Nessas funções, conhece todos os notáveis daquela época, tipo Benjamin Franklin, Paul Revére, enfim, os pais fundadores todos... Ainda que profundamente idealista, Ichabod não teme por as mãos na massa, e no meio de uma batalha, mata aquela que vimos a descobrir mais tarde que é a própria morte, cortando-lhe a cabeça... Tipo aquele dia que a morte foi atrás do Woody Allen mas como este não lhe abriu a porta, foi à volta, subiu pela fachada, escorregou num parapeito, caiu cá abaixo, partiu o pescoço e morreu. A morte morreu mas ressuscitou embora em abono da verdade se deva dizer que os autores foram coerentes e a morte teve que continuar a, chamemos-lhe assim, viver sem cabeça. Ichabod, no entanto, não saiu ileso e acabou enterrado pela própria mulher feiticeira para assim escapar à morte pela morte. Acorda 200 anos depois e ei-lo que passa a ser o Patrick Jane da polícia não sei de que cidade, sendo que a tenente é uma moçoila castanha muito muito recomendável. Que, por sua vez, tem uma irmã que, à sua maneira mais fria, é também bastante... recomendável. As duas irmãs viram um demónio qualquer no bosque quando eram crianças, tendo uma seguido em frente e tendo-se tornado polícia, e a outra estagnado no trauma e acabado num hospício. Esse demónio era o empregador do cavaleiro sem cabeça, que por sua vez era, como já vimos, a morte, ou seja, um dos quatro cavaleiros sem cabeça... estou a brincar. Um dos quatro cavaleiros do apocalipse, queria eu dizer. Entre o diabo e os cavaleiros do apocalipse existem uns intermediários alemães, de uma seita qualquer, mas que são tão secundários e desnecessários para a trama que até acho que desaparecem a meio. Estando toda esta tenda armada, Ichabod e a tenente personificam Lisbon e Jane e tentam impedir que o tal demónio apocalipse o mundo. Ichabod é, sem dúvida, a alma da série, na sua constante tentava de adaptação ao mundo moderno, as suas roupas antigas, linguagem cuidada (óptima) e pensamento político não corrompido. Tipo aquela vez em que se indignou com o valor do iva. Vinte por cento? Nós fizemos uma revolução por causa de quatro... A série é, ao contrário de tantas outras e ao contrário do que eu costumo gostar, boa pelos momentos isoladamente, em detrimento de uma história contínua que, de facto, não acrescenta nada. Fixe fixe é os flash-backs dele ao passado (onde conhecia toda a gente) e a análise que ele faz do mundo moderno à luz dos ideias ainda não corrompidos da revolução americana. Que foi, na minha opinião, muito mais importante para a iluminação cultural ocidental que a francesa. Não sei se este encanto de novidade e quase juvenil vai passar para as próximas temporadas... Não será fácil e se esse encanto se perder, vamos estar a braços com mais uma série que vai começar a fugir para a frente até ao ponto em que já ninguém entende nada e todos sejam, provavelmente, zombies. Temo isso não só porque não gosto dos diálogos dos filmes de zombies, mas porque a série acaba por ser circular. Ichabod acaba como começou, enterrado num caixão sem que antes tenha morrido para justificar esse estatuto.

black sails


21.6.15

84 - the giver













the giver
Divergente, gritaram os meus neurónios a plenos pulmões quando comecei a ver o filme. copianço descarado, sucedâneo, sub-produto, plágio... Mas estavam lá o Jeff Bridges e a Meryl Streep, e isso fez-me investigar com mais cautela. Suspendi o visionamento até ter tempo para perceber quem era a galinha e quem era o ovo, o que demorou algumas semanas. Tenho uma vida algo ocupada... mas finalmente lá percebi. Aprendi há já muito tempo que tudo o que é bom na vida vem nos livros, talvez pelo facto de que quem escreve livros tem muito tempo para pensar, e é a pensar que a gente se entende. uma pequena investigação fez-me ver que o livro que deu origem ao divergente (e que por acaso até li) foi escrito em 2011, enquanto que The Giver, foi escrito por Lois Lowry em 1994. Satisfeito por os meus instintos estarem certos, retomei então o filme, pronto para absorver o que ele tivesse de bom. E tinha algumas coisas. Começou logo com a eterna confusão entre utopia e distopia, e ainda não foi desta que me consegui organizar. O filme passa-se numa sociedade que erradicou a guerra, a pobreza e a injustiça. Utopia. Mas à custa da lavagem cerebral dos habitantes. Distopia. As cidades são lindíssimas, arranjadas e organizadas. Utopia. Mas fora delas, em quase todo o planeta, é o grande deserto desconhecido. Distopia. Ou seja, começamos logo com um conjunto grande de sinais contraditórios que têm pelo menos o mérito de nos fazer querer continuar a ver, mesmo apesar das roupas e horríveis bicicletas brancas. 

20.6.15

83 - todos os meus amigos são super-heróis














"...Existem aproximadamente 249 super-heróis na cidade de Toronto. Tom não é super-herói, mas conhece vários - O Anfíbio, A Pilha de Nervos, A Bronca, O Homem Impossível, O Minigigante, Daquiapouco, A Doma-Rapaz, entre outros. Tom casou-se com uma super-heroína, A Perfeccionista, cujo poder é tornar tudo perfeito. No dia do casamento, Hipno, supervilão e ex-namorado da Perfeccionista, hipnotizou-a - Tom ficou invisível, mas somente aos olhos dela. Depois de seis meses sem ver o marido, a Perfeccionista está prestes a pegar um avião para recomeçar a vida em Vancouver. É a partir de uma bela história de amor que 'Todos os meus amigos são super-heróis' constrói um universo onde amizade, romance, profissões e cotidianos muito parecidos com os nossos ganham uma fina pátina de superpoder - ou mostra que superpoderes são apenas questão de ponto de vista. Tom está desesperado para que sua amada Perfeccionista volte a vê-lo e amá-lo. Como resolver isto sendo o único ser humano sem poderes dessa história?..."