13.6.08

16 - A morte melancólica do rapaz ostra


Tim Burton.
Era uma vez um palito que se apaixonou por uma fósfora. Tinham tudo em comum, digo eu. Eram os dois altos, magros, bonitos e sentiam um grande prazer em gostar de alguém. Tanto gostaram um do outro que a situação ficou, chamemos-lhe assim, fogosa. Tão fogosa que incendiaram. Os dois. Arderam num instante. Era uma vez uma rapariga esbugalhada. Esbugalhada? Sim, sempre a olhar esbugalhada para toda a gente. Olhava para o céu, olhava para o chão, e se tivesses sorte, olhava para ti até mais não. Era tão boa a esbugalhar que resolveu entrar num concurso que facilmente venceu. Mas nesse dia cansou-se, tirou os olhos fora e pô-los a descansar. Onde? Junto ao mar. Era uma vez uma rapariga que tinha muitos olhos. Quase dez. O seu maior medo era Ter de usar óculos, pelas razões evidentes. Era bonita, ela, mas tinha um senão. Quando começava a chorar, molhava até mais não. Era uma vez um rapaz chamado nódoa e era um super herói. Não voava. Não saltava. Apenas sujava. E por tanto sujar, bastante sofria. Por causa da conta da lavandaria. Era uma vez um casal que se casou junto ao mar e pouco depois, estavam a pinar. Nasceu-lhes um filho com cabeça de ostra. Que em todo o lado, estava sempre à mostra. Um dia o pai, para se sentir paradisíaco, usou-o como afrodisíaco. Comeu-lhe a cabeça, após hesitar. O resto do corpo, enterrou junto ao mar. Chorando jurou, nunca o esquecer, mas bastou a maré alta, para tudo varrer. Era uma vez uma rapariga, a rapariga vudu, que tinha alfinetes coloridos espetados "par-tout". Era muito carinhosa, estava sempre a amar, mas quanto mais amava, mais os alfinetes, se acabavam por enterrar. Era uma vez uma rapariga que tinha os cabelos fofos como penas, uma pele suave como flanela e um corpo branco como algodão. Transformou-se num edredão. Era uma vez um rapaz que era super tóxico. Respirava escapes, chaminés e afins. Um dia respirou ar puro e pararam-lhe os rins. Morreu e foi para o céu, chegou lá em nono. Mas no caminho para cima, fez um buraco no ozono. Era uma vez um rapaz, com cabeça de queijo, e por causa disso, nunca teve um beijo. Mas como era pragmático, nunca sofria. Pior seria, se em vez do queijo todo, tivesse apenas uma fatia. Era uma vez uma rapariga, que gostava de cheirar cola. Cheirava, cheirava e nunca parava. O chato era que ficava, com o lenço colado na cara, sempre que se assoava. Mente perversa? Eu? Há pior... Para ler muito. Duas vezes não chega...