14.12.13

56 - oblivion













Jack e a namorada são os dos últimos únicos humanos no planeta. A terra foi invadida e, embora a humanidade tivesse ganho a guerra, foram obrigados a usar bombas atómicas e deram cabo do planeta, tendo assim que emigrar para Titã, lua de Saturno (ou de Júpiter?). Jack e a namorada moram numa casa branquinha e tom tem uma nave branquinha e uma mota branquinha. Sendo ele branquinho também, de repente pareceu-me que estava a ver o Wall-E. Continuei a ver o filme, mas já não me consegui abstrair desta ideia e, inconscientemente, comecei a fazer comparações. Jack tem, efectivamente, muito mais vocabulário que Wall-e, mas apenas cerca de um décimo do carisma. Wall-E tinha como missão limpar o lixo que a humanidade tinha deixado ficar na Terra para, um dia no futuro, a terra estar novamente habitável. Jack andava a reparar os robots que, por sua vez, tomavam conta das torres que extraiam água do mar dos nossos oceanos e a mandavam para Titã, para essa água fornecer energia à humanidade lá exilada. wall-E era, assim, um reciclador enquanto Jack era um, sei lá, saqueador. Tom usa e abusa dos seus gadgets futuristas, tipo a nave, a mota, a arma, os óculos escuros enquanto que Wall-E alimenta a alma com as relíquas do passado que recolhe no meio do lixo. Confesso que aqui estou a ser injusto, porque também Jack é saudosista e tem uma cabana junto a um lago com um cesto de basquete e discos maus. Tom diverte-se (como qualquer homem se divertiria, aliás)  com um dia-a-dia de condução / utilização de máquinas potentes, tiros no inimigo e sexo na namorada. Wall-E, enquanto isto, continua a arrumar... Dizia então eu que a humanidade estava toda em Titã e que os seus governantes estavam numa estação espacial chamada Tet, de onde davam ordens a  Jack para manter a maquinaria a funcionar. Um dia, uma nave despenha-se e Jack descobre nos seus destroços cinco cápsulas com sobreviventes humanos no seu interior, sendo no entanto reduzidas a apenas um sobrevivente porque os drones arrumam logo com os outros quatro. o sobrevivente era uma. E, sendo bem bonita, Jack, animado pela fantasia latente em todos os membros do sexo masculino,  leva-a para a sua casa branquinha e apresenta-a à sua namorada branquinha. Esta, por sus vez, age como as mulheres sempre agiram quando confrontadas com esta perspectiva e passa automaticamente a odiar a nova companhia. Jack, entretanto, já não me lembro se antes se depois, é capturado pelos últimos extra-terrestres que sobraram da invasão, e imediatamente estes lhe revelam que não são puto extra-terrestres, mas sim os verdadeiros e últimos humanos que existem. E os que estão em Titã ? Não existem humanos em Titã, Zé, quero dizer, Jack. É tudo tanga dos verdadeiros extra-terrestres, que estão em Tet e que só querem a nossa água salgada, por causa do hidrogénio para dele obterem energia ? Mas... mas.. então e eu e a... a...como é que ela se chama... a minha namorada... quem somos nós ? São clones, Zé, quero dizer Jack, do verdadeiro Jack e da verdadeira... ah... como é que ela se chama... da tua namorada. Clones ?   Sim, parece que há sessenta anos, tu e ela foram enviados numa missão para explorar uma espécie de ovni, e entraram nesse ovni (tipo o Dave no 2001, que entrou no monólito) e foram automaticamente clonados. Mas para quê que me clonaram ? Para vos pôr a tratar das torres de extracção de água . Nos pôr ? Sim, porque eles criaram milhares de clones vossos, porque o mar é muito grande e há muitas torres de extracção. Volta à terceira pessoa para dizer que jack ficou assombradíssimo com estas notícias todas e, como consequência, escolheu a morena em detrimento da... da... namorada. E escolheu, pouco logicamente, acreditar em tipos mutip estranhos que tinha acabado de conhecer em detrimento de acreditar em todas as referências de toda a sua vida. Virou assim rapidamente a casaca e passou para o lado dos humanos e, com algum engenho, explodiu com o Tet, livrando assim a terra dos seus colonizadores extra-terrestres, podendo assim os não extra-terrestres, ficar com a sua água salgada e com o seu hidrogénio. não sei bem vindo de onde, aparece uma filha de Jack e da rapariga que veio na cápsula, prontamente adoptada por Jack 52... Chatice... esqueci-me de dizer que o Jack de que estive a falar era o Jack 49, e que o Jack 52, que com ele compartilhava as memórias foi quem encontrou a rapariga e a filha para perfilhar. E o Jack 48 ? e o 47 ? e o 46 ? o que lhes aconteceu. Não sei, e o filme também não. E a namorada do 48 ? e a do 47 ? e a do  46 ? O que lhes aconteceu. Também não sei, e o filme também também não (nota rápida - a repetição do também foi intencional). mas então é uma confusão. podes crer que sim. Mas então o filme deixa de ser bom ? Não, é até mesmo muito fixe. Mas o Wall-e era muito , muito melhor...

12.12.13

55 - ironman












Pá... Que seca. E então a idéia peregrina de se conseguir fazer uma armadura ainda mais forte a partir de destroços. E porque raio tem os americanos aquela necessidade doentia de bipolarização. Se já tinham os maus da fita, porque é que tinham que diabolizar o exército, ou as corporações, ou lá quem era, metendo-o na armadura de sucata de maneira a poder ser vencida pelo cavaleiro da armadura cintilante ? E será que o facto de o "bom" ter vencido apenas por um pormenor (umatechnicality, como diriam os americanos) foi ao menos uma metáfora para nos fazer ver quão ténue é o nosso domínio sobre tudo isto e quão próximos podemos estar do abismo? Espero que sim.

54 - charlie wilson´s war













Um desbarato de grandes talentos dos quais nunca gostei muito de nenhum. Ou a eterna obsessão dos americanos por contarem todos os pormenores aborrecidos da sua história… Peço desculpa aos mujhaedin por não me ter entusiasmado nadinha com o filme da sua história, mas lembro-lhes que não devem ficar desapontados com os bocejos que este filme provoca nas pessoas normais. Não devem esquecer que as pessoas que valem a pena já os conheciam antes deste filme. E mesmo entre os americanos, há muita gente que também já os conhecia há bastante tempo. Desde o Rambo 3…

53 - finding neverland













Há filmes que valem a pena que se espere por eles. Seja porque não estamos preparados, seja porque não os queremos desperdiçar ou porque os queremos guardar para um momento melhor… Seja porque o queremos compartilhar com alguém ou porque não o queremos compartilhar com ninguém… Seja pelo que seja, geralmente vale a pena esperar, porque esses filmes carregam em si uma magia, um sentimento tal que, saindo nós a rir ou a chorar, calados ou a cantar, sozinhos ou acompanhados, sabemos sempre que acabamos de assistir a uma experiência de arrebatar o fôlego. E vai daí eu pergunto: Porque raio é que esses filmes são todos com o Johnny Depp ? Dúvidas? Três exemplos em três segundos: Charlie e a fábrica de chocolate, Eduardo Mãos de Tesoura e este… Finding Neverland. Ou então não… não a encontres…. Guarda-a para sempre…

52 - vicky cristina barcelona














 A primeira sensação que me fica é que o Woody Allen preocupa-se mais com o chique que é duas americanas cultas e bonitas estarem a jantar e a beber vinho num restaurante queque de Barcelona, do que a arranjar-lhes algo de interessante para dizer. Para mim, isto é pretensiosimo e eu não gosto de pretensiosismo. Condiciona-me a crítica. Faz com que olha para o filme e veja apenas um conjunto de clichés, a turista conservadora com o noivo americano pateta, a colegial deslumbrada que só pensa em ser diferente, o macho latino-torturado-misterioso que só sabe falar mau inglês, a fêmea latina sempre prestes a saltar para a faca e alguidar e para os pulsos semi-cortados e o vinho, que pelos vistos é a única coisa que lhes interessa realmente...Apesar das condições perfeitas de visionamento, o filme não é bom.




51 - the kids are all right












Duas lésbicas mostram quão normais as pessoas normais são e resolvem constituir família, não avisando disso o homem a quem retiraram (de forma tradicional) o esperma.Vinte anos depois, talvez dezoito, os filhos das mães vêm a descobrir que o pai é um gajo fixe, calmo, que anda de mota e que pratica agricultura biológica, sendo o principal fornecedor do seu próprio restaurante.Biológico, claro. Tantas qualidades não poderiam deixar de ser reconhecidas, quer pela empregada do restaurante, uma negra com um penteado afro que com ele tem uma cena de sexo... inspiradora, quer por uma das mães, mais propriamente, a Juliane Moore. Com quem ele tem também uma cena de sexo... realista, com corpos não maquilhados, mamas um bocadinho lapisáveis, alguma falta de jeito e de uma duração que não traumatiza instantaneamente os espectadores. Quando a filha mais velha vai para a faculdade, as duas mães choram e, surpresa: o pai também, Um bom exemplo de família disfuncional.

50 - black swan













És pequenina, bonita, tímida e perturbada. Danças ballet, tens os pés todos lixados mas aguentas o sofrimento porque gostas mesmo de dançar. Sentes que tens qualquer coisa de especial mas não consegues convencer o mundo disso. à tua volta todas parecem melhor que tu porque o mundo considera que a tua obsessão pela perfeição, quer tu julgas ser a tua maior qualidade, não passe de falta de autenticidade. Não vêem quão humana tens que ser para submeteres a tua humanidade à tua individualidade. E os clichés desfilam à tua frente, se, se cansarem um bocadinho, sequer. E, quando já estavas à espera de ser outra vez preterida, ganhas protagonismo e pensas que isso vai resolver todos os teus problemas interiores, e verificas que não aguentas a pressão e que se calhar não és tão única como pensas. Mas como és teimosa, continuas a foder os pés, esticando-te ao limite no verdadeiro sentido da palavra, até à perfeição. E quando estás quase quase a alcançá-la,  olhas para o lado e vês alguém melhor do que tu, mais bonita, mais ousada, mais humana e com umas asas pretas monumentais e lindíssimas tatuadas nas costas. E, ainda por cima, gostas da cabra, que se aproveita disso, primeiro para te comer e depois para roubar o sonho da tua vida, substituindo-te naquela que deveria ser a tua apoteose. Isso não podes permitir e, chamando o mais fundo da tua obsessão mudas de variável, como os matemáticos fazem quando já não sabem mais o que fazer. És má e matas a cabra. És boa e matas o resto do mundo. Do coração, por verem a tua actuação. E depois... morres!

49 - 500 days of summer












Os sinais exteriores eram bons, mas o facto é que se trata apenas de mais um filme de adolescentes, sendo que é relativamente bem filmado e a rapariga não é assim tão adolescente como isso. Ele, arquitecto ainda não tentado, trabalha como escrevedor de postais numa qualquer empresa do ramos. Faça-se justiça a algum do seu talento, bem espelhado na frase: eu amo-nos, que eu subscrevo e que acho que faz sentido escrito num postal. Para além disso, resta a cronologia do filme, que alterna aleatoriamente entre o dia 1 e o dia 500, sempre a fazer sentido. Resta ainda uma boa interpretação de píxies no karaoke, e o mais velho cliché do mundo, que é a rapariga, com um ar entre o Cândido e o insosso, já ter pinado com 30 ou 40 homens, enquanto que o rapaz, saudavelmente tarado, estar praticamente a sair da virgindade. E, estúpido como é, deixa que o sexo que ela tem antes de o conhecer lhe interfira com o estômago e o cérebro. Fazia mais sentido, digo eu,  sei lá porquê, preocupar-se com o sexo que ela vai ter, inevitavelmente, depois de o deixar. Enfim... Clichés. Não gostei.

48 - sunshine cleaning












Uma mulher que trabalhava em limpezas começa, por sugestão do polícia  casado que a anda a comer duas vezes por semana num hotel médio e que tinha sido seu namorado no liceu, a fazer a limpeza de cenas de crimes e de suicídios. Ajudada (e às vezes não ) pela irmã disfuncional que lhe dá guloseimas ao filho nas suas costas até ao dia em que esta incendeia a casa de um cliente morto, o negócio vai prosperando. Existe ainda um filho algo traumatizado, um pai (dela, avô do filho) verdadeiramente esquisito e um empregado de uma loja de produtos químicos só com um braço. Acaba por se tornar um negócio de família, que esteve quase à beira de um ataque de nervos. Gostei.

47 - prometheus













Um homem muito grande e muito branco bebe umas cenas e dissolve-se para dentro de uma queda de água, derretendo assim nesta o seu adn. Isto ter-se-á passado na Terá, embora o homem muito grande e muito branco, como o próprio nome indica, seja claramente extra-terrestre. Assim começou a vida na Terra e, 2080 anos depois, um casal de cientistas descobre de que planeta o homem MGMB (muito grande e muito branco) veio. Vão todos para lá, o casal de cientistas, os figurantes do costume (destaco o Luther e a Charlize Teron, o génio maluco e o andróide), numa grandessíssima nave e descobrem que o planeta mais não é que uma espécie de fábrica de armas biológicas dos tipos MGMBs. Tendo criado a humanidade por dissolvência, não mos podemos deixar de surpreender pelo facto de eles quererem encher a Terra de armas de destruição política ? Será uma piada política do Ridley Scott? As armas são uma espécie de latas com umas cenas muito maradas dentro. Tipo casulos…Previsivelmente, morrem todos a impedir que os homens MGMB consigam trazer para a Terra as canas maradas. Menos os sobreviventes do costume, a rapariga em cuecas e o andróide decapitado (caramba, já vi isto em qualquer lado), que se metem numa das muitas naves que pelos vistos havia no planeta e decidem, ir ao planeta de origem dos homens MGMB para lhes perguntar de viva voz por que caraças é que me queres destruir ? Portei-me mal, foi ? O filme acaba com uma das latas a abrir  e a sair de lá de dentro… Não. Não foi assim. A cena não saiu da lata mas sim da barriga do homem MGMB, que antes tinha sido comido por uma criatura que foi criada por uma das que saíram de uma das latas.Confuso ? Sim, de facto. Mas o que interessa foi o que, chamemos-lhe assim, eruptiu da barriga do homem MGMB. E o que foi ? Vá… nesta altura já toda a gente sabe.

46 - estômago












Foi fixe enquanto vi, se calhar por causa da dose quadrupla de auto comiseração. Hoje, pensando com mais frieza, não consigo encontrar nada de especial para escrever aqui. E a historia de um caipira com jeito para a cozinha, cujos méritos provocam uma ascensão que nos é habilmente e simultaneamente mostrada, quer na lanchonete, quer na prisão. Passa da lanchonete para o restaurante italiano ao mesmo tempo que passa do chão sem colchão para o primeiro dos beliches da cela. Conhece uma prostituta que pina enquanto esta come a sua comida e começa a cozinhar para os companheiros de cela. A ascensão na prisão era fácil de prever e de seguir, restando apenas alguma curiosidade em saber porque é que lá foi parar. No fim percebe-se. Apanhou a prostituta a pinar com o dono do restaurante italiano e matou-os aos dois, na cama, com uma faca. E foi com essa mesma faca que cortou, como e que hei-de dizer isto? cortou um hambúrguer do rabo da prostituta. Cozinhou-o e comeu-o. Vamos abster-nos de trocadilhos óbvios e concentrarmo-nos na prisão, o entretanto o argumento destrambelhou e ele matou o ladrão mor apenas para ficar a dormir no beliche de cima. Envenenou-lhe a feijoada, coisa que eu considero um pleonasmo. Enfim... O filme é competente e a parte que eu gostei mais foi a resposta ao monólogo do queijo gorgonzola. Tipo, podes dizer o que quiseres, mas o queijo aqui dentro não fica. E não ficou…

45 - os 3 mosqueteiros












Outra vez? Outra vez! E diga-se desde já que deve ser a melhor versão que já vi, contando  já com o Dartacão. Extremamente bem filmado, tipo 300, boa fotografia, boas sequências de acção. Superpreponderância para Buckingham que deixa de ser o amante pastelão da Rainha Ana e passa a ser o verdadeiro desequilibrador daquele tabuleiro de xadrez, enfrentando com sucesso e montes de estilo Richelieu, o corvo vermelho. Depois de inevitavelmente derrotado pelo argumento do filme, escrito por Alexandre Dumas (o mundo nem sempre é justo, para não dizer que quase nunca é), Buckingham passa-se e decide invadir a França, utilizando para isso duas esquadras completamente portuguesas: uma esquadra de caravelas e uma esquadra de passarolas. Sim. As do Bartolomeu de Gusmão. Confesso que sempre me fez alguma espécie nunca ninguém ter massificado a produção de passarolas, que além de armas de guerra terríveis, eram lindas de morrer. Muito fixe, este filme…