És pequenina, bonita, tímida e perturbada. Danças ballet, tens os pés todos lixados mas aguentas o sofrimento porque gostas mesmo de dançar. Sentes que tens qualquer coisa de especial mas não consegues convencer o mundo disso. à tua volta todas parecem melhor que tu porque o mundo considera que a tua obsessão pela perfeição, quer tu julgas ser a tua maior qualidade, não passe de falta de autenticidade. Não vêem quão humana tens que ser para submeteres a tua humanidade à tua individualidade. E os clichés desfilam à tua frente, se, se cansarem um bocadinho, sequer. E, quando já estavas à espera de ser outra vez preterida, ganhas protagonismo e pensas que isso vai resolver todos os teus problemas interiores, e verificas que não aguentas a pressão e que se calhar não és tão única como pensas. Mas como és teimosa, continuas a foder os pés, esticando-te ao limite no verdadeiro sentido da palavra, até à perfeição. E quando estás quase quase a alcançá-la, olhas para o lado e vês alguém melhor do que tu, mais bonita, mais ousada, mais humana e com umas asas pretas monumentais e lindíssimas tatuadas nas costas. E, ainda por cima, gostas da cabra, que se aproveita disso, primeiro para te comer e depois para roubar o sonho da tua vida, substituindo-te naquela que deveria ser a tua apoteose. Isso não podes permitir e, chamando o mais fundo da tua obsessão mudas de variável, como os matemáticos fazem quando já não sabem mais o que fazer. És má e matas a cabra. És boa e matas o resto do mundo. Do coração, por verem a tua actuação. E depois... morres!
12.12.13
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