livros (2 por mês)
andré agassi - biografia
a corte do ar - stephen hunt
a janela de overton - glenn beck
o teste do psicopata - jon ronson
o enredo da bolsa e da vida - eduardo mendoza
lugar nenhum - neil gaiman
a incrível viagem do faquir que ficou fechado dentro de um armário do ikea - romain puertolas
todos os meus amigos são super-heróis - andrew kaufman
o documento r - irving wallace
noite infeliz - seth grahame smith
o time dos sonhos - luis fernando veríssimo
o anjo mecânico - cassandra clare
artemis fowl - eoin colfer
the arctic incident (artemis fowl 2) - eoin colder
the eternity code (artemis fowl 3) - eoin colder
numero zero - umberto eco
o fim da infância - arthur c clarcke
a marca do assassino - daniel silva
uma história comestível da humanidade - tom standage
os leões da al-rassan - guy gavriel kay
o morcego - jo nesbo
sebastião salgado - biografia
mares de sangue - scott lynch
a rainha ginga - josé eduardo agualusa
bruxos e bruxas - james patterson
as violetas de março - philip kerr
nascidos para correr - christopher mcdougall
cyberwar
o aprendiz de assassino - robin hobb
filmes (1 por semana)
hot tube time machine
i, origins
john wick
pride
the giver
como treinares teu dragão 2
dracula untold
hunger games - mocking jay 1
in time
the hobbit 3 - battle of the five armies
interstellar
evangelion 1 - you are (not) alone
evangelion 2 - you can (not) advance
about time
kingsman
another earth
x-men: days of future past
mad max: fury road
captain america: winter soldier
divergente
a ilha
st. vincent
a ressaca
insurgente
vingadores: a idade de ultron
birdman
crank: veneno no sangue
jurassic world
mínimos
terminator genisys
maze runner 2: the scorch trials
john carter
american sniper
misson impossible: rogue nation
séries (1 por dia)
segurança nacional 4
borgen 1
gotham 1
borgen 2
borgen 3
the librarians 1
revolution 2
tyrant 1
the strain 1
the last man on earth
haven 5
true blood 5
game of thrones 5
black sails 2
dominion 1
como defender um assassino 1
wayward pines 1
dark matter 1
mr. robot
sleepy hollow 1
penny dreadfull
sense 8
true detective
música
beach house - thank you lucky star
django django - born under saturn
franz Ferdinand - FFS
mathew dear - backstroke
sleigh bells - bitter rivals
unknown mortal orchestra - multi love
tame impala - currents
beirut - no no no
lana del rey - honeymoon
beach house - depression cherry
st. vincent - st. vincent
the drums - encyclopedia
swans - to be kind
real estate - atlas
perfume genius - too bright
fujiya miyagi - artificial sweeteners
foxygen - take the kids off broadway
foxygen - and star power
fka twigs - lp1
elbow - the take off and landing of everything
cold war kids - hold my home
caribou - our love
broken bells - after the disco
blonde redhad - barragn
alt j - this is all yours
alt j - an awesome wave
dum dum girls - to true
future islands - singles
ejecta - dominae
13.12.15
8.12.15
91 - zero dark thirty
Revi no outro dia, há pouco tempo. Duas semanas, penso eu, já depois dos atentados de Paris. não escolhi rever, apenas me passou à frente e achei que se calhar poderia perceber algo que não me tinha apercebido quando vi da primeira vez. E o que percebi foi que achei ainda mais estúpido agora. Uma coisa encomendada, sem nenhum sentido. Uma apropriação hollywoodiana de um acontecimento que não deveria ter acontecido ou que, mesmo que tivesse que acontecer, a última coisa a fazer era um filme sobre isso. Para dizer o quê? Que foi um grande feito, a nação mais poderosa do mundo demorar dez anos a matar um terrorista que se escondia no meio dos pastores ? E transformar isso numa cruzada de uma qualquer analista de informação ? Foi mesmo por causa dela que os Estados Unidos não desistiram de procurar o responsável por 3.000 mortes ? E é mesmo importante estar a dar profundidade psicológica aos executores ? Para legitimar o quê ? Hi-fives por um assassinato ? em momentos destes ainda bem que não sou americano. Ia ter muita vergonha deste filme. E é esta a mesma realizadora que fez o Estranhos Prazeres ? Não percebo nada...
29.11.15
90 - violetas de março
Detective privado do tipo cliché em berlim dos anos 30, quando o partido nacional socialista já estava no poder e começava a preparar-se para o que iria fazer na segunda guerra mundial. O detective é contratado por Goering, já não me lembro bem para quê, mas o diálogo entre os dois tem algum interesse. De resto, tirando algumas nuances sobre os judeus, o funcionamento da Gestapo e a aparição fugaz de Jesse Owens a ganhar os cem metros nas famosas olimpíadas, o livro não deixa qualquer marca. Já li dois livros geniais do philip Kerr, a saber, o segundo anjo e o assassino entre os filósofos. Este foi um dos primeiros e ainda bem que as críticas que terá recebido não foram sinceras. Porque se fossem, ele teria desistido e teríamos perdido algo de bom. Agora que este livro não tem nada de especial, isso é incontroverso...
92 - cyberstorm
Apenas umas breves notas para não cair na tentação de ler este livro outra vez, no futuro. Os Estados Unidos são vítimas de um ciber ataque, que no entanto não é desenvolvido em todo o livro. Ao mesmo tempo, acontece uma suposta invasão do território que é não desenvolvida em todo o livro. Isto cria a falência total das infra-estruturas, mas isso tem que ser intuído pelo leitor, uma vez que não é desenvolvido no livro. O livro só fala do que se passa na cabeça de um dos participantes e do dia a dia do seu grupo mais chegado. Assusta-me pensar que os direitos do livro já foram comprados para o filmar. Que grande seca.
20.11.15
91 - nascidos para correr
Um jornalista americano apaixonado pela corrida que não consegue praticar sem que lhe doa tudo, embarca numa viajem à procura de uma tribo mais ou menos lendária de índios mexicanos que são os melhores super atletas do mundo. Acaba pior, junto com alguns dos melhores ultra-corredores americanos, participar numa corrida contra os ditos índios, em que não consegue ser contra mas sim a favor. A pretexto da corrida, vai contando a história de vários ultracorredores e de várias das corridas mais famosas da América, e das duas uma: ou conta as histórias muito bem, ou então as vidas dos tipos são mesmo interessantes. Entre algumas explicações médicas e científicas acerca do funcionamento do esqueleto em movimento, acabar por se chegar à conclusão que os neandertais eram muito mais completos que os cromagnons e só foram ultrapassados por estes na corrida da evolução precisamente porque não corriam. Livro muito bom.
17.11.15
18.10.15
sense 8
Passada a euforia inicial, acho que já consigo articular meia dúzia de ideias sobre o assunto. Digo euforia inicial porque de facto fiquei várias vezes eufórico enquanto via esta série. Ao ponto de publicitar em várias direcções que esta era a melhor série de há muito tempo para cá, e de tentar obrigar toda a gente a vê-la. Erro táctico. Vou mais uma vez ser acusado de viver no realismo fantástico, de acreditar em elfos e não ter filtros anti-ridículo. E daí talvez não, porque longe vai o tempo em que os conhecidos mais chegados levavam à letra as minhas recomendações, chamemos-lhe assim, culturais. A euforia, no entanto e a meu ver, era perfeitamente justificada. Oito pessoas nasceram no mesmo momento e, a partir de uma certa altura, começaram a misturar as suas sensações e os seus sentimentos com os dos outros sete, sem conseguirem estabelecer um padrão comportamental perceptível. Isto tudo lançado por um genérico brilhante, que se pode ver clicando no título a laranja acima e que, assim sendo, me dispenso de comentar , sequer. E depois, olhando para os personagens, temos um homem que se transformou em mulher via operação mas que conservou o bom gosto e arranjou uma namorada. O que parece lógico, dizemos nós todos, mas acontece que logo na primeira cena de sexo entre as duas, verificamos que quem usa o cinto (e durante bués de tempo) é a mulher no ex-homem. Depois de uns breves instantes de alguma (e aqui a palavra brasileira aplica-se mesmo) baralhação, logo reflectimos que afinal faz sentido, porque se ela quisesse usar a pila não a teria mandado cortar. Quando ainda ruminamos o que isto nos faz sentir, passamos para uma dj lindíssima que põe ao rubro com os seus sets uma qualquer mega-discoteca em Londres. Embora não me entusiasme muito com dj's, que geralmente mais não são que vampiros do talento dos outros, confesso que já estava rendido mesmo antes de saber que ela era islandesa... Não foi preciso mais nada para explodir em mim uma paixão cinematográfica intensa como não acontecia desde a Sharon Stone. Continuamos e eis que nos surge um galã de cinema mexicano, de filmes de acção, completamente galã mexicanode filmes de acção mas que mal tem uma folhinha corre para os braços do verdadeiro amor da sua vida, com o qual pina profusamente. O amor da sua vida não engana em termos de género, uma vez que é mesmo um amor. Um amor de homem. Para disfarçar, arranja uma namorada (mulher) escaldantíssima tão fixe tão fixe que dorme no meio deles todas as noites e que se derrete completamente sempre que os vê pinar. E a seguir vem uma coreana magrinha CEO da empresa do pai mas eternamente por este preterida em favor do irmão palerma e desonesto, e que para se livrar dessas frustrações desanca metodicamente em adversários demasiado seguros de si em combates ilegais, daqueles em que toda a gente berra apostas de tal mareia que nunca consegui perceber como o corretor as processa. E depois vem um queniano motorista de uma furgoneta tipo chapa moçambicano, que se chama Van Damme. Quem é que se chama Van Damme? O rapaz ou a furgoneta ? Os dois. Juro que esta parte da trama se passa na Beira, uma vez que os cenários são igualzinhos à zona do Canal A2 montante, já perto da bacia de retenção, onde as escavadoras se vão ver gregas para não se afogarem quando forem fazer a obra. Quem falta ? Uma bióloga indiana linda de morrer, devota de Ganesh e que é por sua vez endeusada pelo noivo, que é tipo a mistura perfeita entre o indiano moderno e o galã de Bollywood. Meu Deus, que cena perfeita, aquela em que este noivo aparentemente perfeito a pede em casamento. Mas, e como eu bem sei, a perfeição não serve para nada, apenas aborrece as pessoas e o facto é que ela não gosta dele e está morrinha por cancelar o casamento. De quem ela gosta é do sétimo elemento do grupo, um alemão de leste que cresce estigmatizado pelos colegas ocidentais, que o consideram alemão de segunda e que cresce também traumatizado no meio de uma família de bandidos hardcore. Este não fala lá muito, e quando fala o inglês é péssimo. Curiosamente, é ele que desencadeia o momento mais bonito da série, a saber, quando canta em karaoke a música das 4 morenas, que acaba por se propagar por todos eles. Resta o polícia de Chicago, um gajo tão normal que até chateia. Canta bem. Esta comunhão poderia dar azo a momentos brilhantes e a verdade é que dá. As cenas de luta, o sexo colectivo, as 4 non blindes e, acima de tudo, a cena do concerto em que o pai da islandesa toca tão bem que faz com que todos os 8 revivam o momento em que nasceram, e de maneira a que todos nós vemos. Haja coragem. Muito foi e será dito contra esta série, provavelmente com argumentos correctos. A acusação maior é que é panfletária, querendo enfiar-nos garganta abaixo a homossexualidade, abusando no sexo homo, provavelmente para nos habituar a que também é bom. A verdade é que me estou nas tintas, quer para o sexo homossexual quer para o panfletarismo. Quero lá saber. O que me interessa é que a série é original, bonita e que me proporcionou momentos de arregalar os olhos em frente a um ecrã. O que nestes dias em que cada vez há mais produção mas em que falta muito a imaginação, já é bem bom.
penny dreadful
penny dreadful
Aconteceu uma coisa inexplicável quando comecei a relacionar-me com esta série. Não conseguia deixar de pensar na Jodie Foster, com um daqueles chapéus pequenos com uma rede preta a tapar metade da cara. Porquê? Não faço idéia, mas tratando-se de uma série sobre o inexplicável, não me preocupei muito porque achei esta inexplicabilidade coerente. Mas a verdade é que isto deve ter contribuído como um agente dissuassor, porque passei meses sem que se acendesse em mim a chispa necessária para começar a ver. Achei que ia ser mais do mesmo, e confesso que já não tinha muita pachorra para zombies e vampiros. E, obviamente, ou seria um ou seria outro. Achava eu. Um dia, lá comecei a ver e impressionei-me imenso com o genérico. Diga-se de passagem rápida que estes estão cada vez melhores e que as últimas obras de arte que eu vi foram genéricos de televisão. Velas Negras, Sense 8, Game of Thrones, este Penny Dreadful, Sleepy Hollow... Este não é propriamente bonito... eu diria que é, sei lá, denso... denso é uma palavra apropriada... A série começou com um previsível Jack o Estripador, o que me fez levantar uma sobrancelha com algum enfado, mas uma farpa de realidade acertou-me logo que as duas prostitutas comentaram o destino da ex-colega. Logo a seguir apareceu o vampiro, o que quase me fez levantar da cadeira e ir embora. Só não o fiz porque estava no sofá. Mas logo acalmei, porque era um vampiro feio, velho e enrugado, tipo Bela Lugosi mas careca e nu. Tinha zero de glamour, mas metia bués de medo. Fui assim mergulhando numa mistura de realismo com romantismo, ou talvez vice-versa, em que os inevitáveis clichés vitorianos desfilam mas com atitudes e novidades nunca antes por mim imaginadas, sequer, que fará observadas. Tipo, estava lá o Frankenstein, mas desta vez criou uma criatura sensível, inteligente e não extremamente feia, ao ponto de começar a interagir com a dita (criatura). E quando tudo estava a correr bem, quando achavamos que tinham destruído um cliché e que a famosíssima criação de frankenstein era afinal um gajo fixe, eis que aparece a verdadeira e primeira criação de Frankenstein, que afinal não é um gajo fixe e que mata a sua segunda versão, cumprindo assim o cliché. E a seguir aparece o Dorian Gray, absolutamente perturbador, a fazer aquilo que o Oscar Wilde não teve coragem para pôr no livro e, muito provavelmente, indo ainda mais além. Este Dorian Grey bebia absinto às goladas, ouvia música eruditamente, fazia sexo com prostitutas infectadas com tuberculose para, e penso que foi ele que se referiu a este acto nestes termos, foder a morte, apostava em quantas ratazanas é que um cão de uma qualquer raça inglesa famosa matava em 60 segundos, e por aí fora... e ainda teve tempo para possuir sexualmente um americano que é o homem de acção do grupo e que só percebemos qual o seu verdadeiro enquadramento quando, no últimos episódio, se transforma naquilo que viria a ser o primeiro lobisomem americano em Londres. Mas muito mais acontece, nesta série que, pouco a pouco e sem qualquer subtileza, vai escalando sempre até ao ponto de perder completamente as estribeiras, mas conseguindo sempre manter-se séria... a série... a sério...
sleepy hollow
Confesso que embora já várias vezes tivesse pensado em rever o filme, não tinha lá muita apetência por ver esta série. Principalmente por achar que não ia acrescentar nada de novo aquilo que já conhecia, por achar que não ia ter um crescimento cultural proporcional ao tempo que ia dispender a vê-la. Estava (e ainda estou) refém daquela sensação de inutilidade latente causada por estar a dedicar demasiado tempo ao entretenimento puro, tipo, a vida é trabalhar de dia para ver séries à noite? É para isto que me esforço e correr para o sofá mal posso? É nisto que penso durante o dia quando me aborreço no trabalho a, chamemos-lhe assim, a trabalhar ? Atribuo estes devaneios ao marasmo social que atravesso actualmente, em que de facto os dias são trabalho-casa-trabalho-casa-etc... Em tempos idos, tinha tantas outras coisas (primeiro boas e depois más) que me monopolizavam o estado de espírito que, quando me sentava a ver séries ou filmes, via-os concentradamente, e quando acabava de os ver ia viver a vida ou então, numa segunda fase, pensar na vida. Agora que as hormonals acalmaram e o inevitável acabou por se instalar, vejo as séries mas preocupo-me se não estou a desbaratar demasiado tempo (e demasiado cérebro) nessa actividade. Não tendo chegado a nenhuma conclusão quanto a isso, decidi ser razoável e ver o raio das séries sem drama, até porque feitas as contas, isso ocupa-me 50 minutos por dia, aproximadamente o mesmo tempo que passo diariamente na casa de banho, contando obviamente com o banho, o tempo de leitura na sanita e a recuperação pós corrida, uma vez que tenho que parar de suar antes de ir para o banho. Senão não vale a pena. Tomar banho. Adiante... Estando assim resolvido o problema da legitimidade no puramente lazer, ainda assim tenho um bichinho cá dentro que não me deixa sossegado se não tentar dar alguma utilidade ao tempo despendido. Não sei onde está, o bichinho, se soubesse já o tinha encaminhado intestinamente para que deixasse de me aborrecer. Assim sendo, continuo a tentar que o lazer televisivo tenha algum retorno. Estas linhas pretendem ser o retorno das dez horas que passe a ver a primeira temporada. Que estas linhas terão algum interesse, não tenho grandes dúvidas. Que falem muito da série, isso, é que não me parece que vá acontecer sempre. Ichabod é um soldado inglês que começa logo a tornar-se um gajo fixe porque, na guerra civil americana, não só muda de lado como se torna uma espécie de agente secreto de George Washington, via maçonaria, obviamente. Nessas funções, conhece todos os notáveis daquela época, tipo Benjamin Franklin, Paul Revére, enfim, os pais fundadores todos... Ainda que profundamente idealista, Ichabod não teme por as mãos na massa, e no meio de uma batalha, mata aquela que vimos a descobrir mais tarde que é a própria morte, cortando-lhe a cabeça... Tipo aquele dia que a morte foi atrás do Woody Allen mas como este não lhe abriu a porta, foi à volta, subiu pela fachada, escorregou num parapeito, caiu cá abaixo, partiu o pescoço e morreu. A morte morreu mas ressuscitou embora em abono da verdade se deva dizer que os autores foram coerentes e a morte teve que continuar a, chamemos-lhe assim, viver sem cabeça. Ichabod, no entanto, não saiu ileso e acabou enterrado pela própria mulher feiticeira para assim escapar à morte pela morte. Acorda 200 anos depois e ei-lo que passa a ser o Patrick Jane da polícia não sei de que cidade, sendo que a tenente é uma moçoila castanha muito muito recomendável. Que, por sua vez, tem uma irmã que, à sua maneira mais fria, é também bastante... recomendável. As duas irmãs viram um demónio qualquer no bosque quando eram crianças, tendo uma seguido em frente e tendo-se tornado polícia, e a outra estagnado no trauma e acabado num hospício. Esse demónio era o empregador do cavaleiro sem cabeça, que por sua vez era, como já vimos, a morte, ou seja, um dos quatro cavaleiros sem cabeça... estou a brincar. Um dos quatro cavaleiros do apocalipse, queria eu dizer. Entre o diabo e os cavaleiros do apocalipse existem uns intermediários alemães, de uma seita qualquer, mas que são tão secundários e desnecessários para a trama que até acho que desaparecem a meio. Estando toda esta tenda armada, Ichabod e a tenente personificam Lisbon e Jane e tentam impedir que o tal demónio apocalipse o mundo. Ichabod é, sem dúvida, a alma da série, na sua constante tentava de adaptação ao mundo moderno, as suas roupas antigas, linguagem cuidada (óptima) e pensamento político não corrompido. Tipo aquela vez em que se indignou com o valor do iva. Vinte por cento? Nós fizemos uma revolução por causa de quatro... A série é, ao contrário de tantas outras e ao contrário do que eu costumo gostar, boa pelos momentos isoladamente, em detrimento de uma história contínua que, de facto, não acrescenta nada. Fixe fixe é os flash-backs dele ao passado (onde conhecia toda a gente) e a análise que ele faz do mundo moderno à luz dos ideias ainda não corrompidos da revolução americana. Que foi, na minha opinião, muito mais importante para a iluminação cultural ocidental que a francesa. Não sei se este encanto de novidade e quase juvenil vai passar para as próximas temporadas... Não será fácil e se esse encanto se perder, vamos estar a braços com mais uma série que vai começar a fugir para a frente até ao ponto em que já ninguém entende nada e todos sejam, provavelmente, zombies. Temo isso não só porque não gosto dos diálogos dos filmes de zombies, mas porque a série acaba por ser circular. Ichabod acaba como começou, enterrado num caixão sem que antes tenha morrido para justificar esse estatuto.
21.6.15
84 - the giver
the giver
Divergente, gritaram os meus neurónios a plenos pulmões quando comecei a ver o filme. copianço descarado, sucedâneo, sub-produto, plágio... Mas estavam lá o Jeff Bridges e a Meryl Streep, e isso fez-me investigar com mais cautela. Suspendi o visionamento até ter tempo para perceber quem era a galinha e quem era o ovo, o que demorou algumas semanas. Tenho uma vida algo ocupada... mas finalmente lá percebi. Aprendi há já muito tempo que tudo o que é bom na vida vem nos livros, talvez pelo facto de que quem escreve livros tem muito tempo para pensar, e é a pensar que a gente se entende. uma pequena investigação fez-me ver que o livro que deu origem ao divergente (e que por acaso até li) foi escrito em 2011, enquanto que The Giver, foi escrito por Lois Lowry em 1994. Satisfeito por os meus instintos estarem certos, retomei então o filme, pronto para absorver o que ele tivesse de bom. E tinha algumas coisas. Começou logo com a eterna confusão entre utopia e distopia, e ainda não foi desta que me consegui organizar. O filme passa-se numa sociedade que erradicou a guerra, a pobreza e a injustiça. Utopia. Mas à custa da lavagem cerebral dos habitantes. Distopia. As cidades são lindíssimas, arranjadas e organizadas. Utopia. Mas fora delas, em quase todo o planeta, é o grande deserto desconhecido. Distopia. Ou seja, começamos logo com um conjunto grande de sinais contraditórios que têm pelo menos o mérito de nos fazer querer continuar a ver, mesmo apesar das roupas e horríveis bicicletas brancas.
20.6.15
83 - todos os meus amigos são super-heróis
"...Existem aproximadamente 249 super-heróis na cidade de Toronto. Tom não é super-herói, mas conhece vários - O Anfíbio, A Pilha de Nervos, A Bronca, O Homem Impossível, O Minigigante, Daquiapouco, A Doma-Rapaz, entre outros. Tom casou-se com uma super-heroína, A Perfeccionista, cujo poder é tornar tudo perfeito. No dia do casamento, Hipno, supervilão e ex-namorado da Perfeccionista, hipnotizou-a - Tom ficou invisível, mas somente aos olhos dela. Depois de seis meses sem ver o marido, a Perfeccionista está prestes a pegar um avião para recomeçar a vida em Vancouver. É a partir de uma bela história de amor que 'Todos os meus amigos são super-heróis' constrói um universo onde amizade, romance, profissões e cotidianos muito parecidos com os nossos ganham uma fina pátina de superpoder - ou mostra que superpoderes são apenas questão de ponto de vista. Tom está desesperado para que sua amada Perfeccionista volte a vê-lo e amá-lo. Como resolver isto sendo o único ser humano sem poderes dessa história?..."
82 - pride
pride
LGBT's londrinos decidem apoiar materialmente a famosa greve mineira no País de Gales, que ia acabando com Margaret Tatcher mas que acabou, infelizmente, com Margaret Tatcher a acabar com ela. Metem-se numa pão de forma e vão até Gales, sofrer na pelo o desconforto do frio e o frio do desconforto. Porque, se por uma lado de se farta de nevar, por outro lado não encontram (quase) nenhum calor humano que os reconforte e os recompense d ovem que pensam estar a fazer. Mas bons rapazes perto de velhinhas é como água mole em pedra dura, tanto batendo até que fura. O que neste caso quer dizer que não demorou muito a caírem no goto (detesto esta expressão) da comunidade welsh, que deixou de se preocupar com o lado que eles reservavam para o sexo e passou a ver as excelentes pessoas que eles eram. Porque os LGBT´s são, aparentemente, todos fixes. o povo unido, como dizia o gabriel, de novo foi vencido e a greve foi desmantelada por Londres. Os LGBT's voltaram para casa e viveram algum tempo mais ou menos separados, até ao dia da gay parade, em que acontece a cena mais bonita do filme quando os mineiros vêm em peso apoiar os seus amigos na sua hora de reenvidicação. E cheios de bandeiras...
81 - a incrível viagem do faquir que ficou fechado num armário ikea
Acredite-se ou não o livro é apenas isto. Um faquir vai da índia ao ikea de paris para comprar uma cama de pregos e decide dormir na loja. Para não ser descoberto pelos empregados, esconde-se dentro de um armário que vai para Londres com ele dentro e em Londres, pelo mesmo motivo, esconde-se não sei aonde e vai ter a Roma etc, etc. eu sei que sempre achei que o mais difícil para escrever um livro é ter uma boa idéia, mas isto é um exemplo flagrante que não basta uma boa idéia para escrever um livro. Que seca. Este é daqueles livros que se dissermos que o lemos temos direito a 15 segundos de fama por parecer ser um livro original, mas se formos chamados a discuti-lo, será concretiza a última vez que tal acontece.
80 - i origins
Tudo para dar certo. Tudo mesmo. Rapaz meio esgazeado fotografa olhos das raparigas que conhece, acabando por ficar cativado pelos olhos de uma rapariga da qual mais nada vê, numa festa. Passa muito tempo até que a encontra e pouco tempo a ser feliz com ela, já que inevitavelmente acontece a tragédia imagem de marca sem a qual um filme que se pretende alternativo tal não o consegue ser. Aparentemente, os filmes alternativos tem que acabar mal. pensando bem, não se trata de acabar mal. Trata-se de ficar mal no fim do primeiro terço do filme, até ao qual nós estávamos a assistir encantados a todo um rol de ideias originais. E eis que, vindo do nada, sem que faça nenhum sentido especial, a tragédia acontece e nós temos que passar o resto do filme deprimidos, sendo que esse é o preço para continuar a ver ideias originais. Podendo resultar com outros tipos de público, comigo essa estratégia não resulta. Mal me cheira a tragédia, o meu cérebro começa a libertar dopamina, ou lá o que é e adormeço redondamente. Ao ponto de no dia seguinte não relembrar de quase nada. Ao ponto de umas semanas depois estar a ver o trailer para orientar as ideias para este resumo e mais de metade das imagens me serem completamente estranhas. Até um pavão branco por lá andava, não sei se no filme, no trailer ou nos meus sonhos. Ou em todos. Ou em nenhum. Enfim, o que fica no fim? Imagens bonitas e uma impressão que passamos ao lado de alguma coisa muito boa, sem que a tivéssemos conseguido apreciar convenientemente. Esconjuro essa sensação prestando aqui a devida referência para me lembrar algures no futuro de tornar a ver este filme, a ver se apanho o resto...
2.5.15
79 - about time
Procurei este filme porque me cheirava a ficção científica de idéias, género que eu desde sempre procurei e nem sempre encontrei. Aqui também não encontrei, mas encontrei diversas outras coisas que me agradaram muito. Para começar, a figura do pai, que me era familiar mas do qual apenas conseguia lembrar do pirate rock, em que era o fleumático dono do barco que se afundou com ele. pesquisando um bocadinho, constatei que afinal éramos já velhos conhecidos, já que ele era o Viktor do Underworld, o general nazi do Valkiria, e outros que tais. Um pai que se reformou aos 50 anos para passar o resto da vida a ler, jogar ténis de mesa com o filho e atirar pedras horizontais na praia. Agarrado ao pai vem a família fixe anormal que todos gostaríamos de ter mas que finalmente não temos, porque a nossa é muito melhor. Destaca-se, evidentemente a irmã sempre descalça, que se vê à légua que vai gastar toda a sua boa sorte nos primeiros anos, e vai passar o resto da vida mal calçada... No que diz respeito à história, temos que o pai conta ao filho o segredo dos homens da família, que é a capacidade de viajar no tempo, capacidade que o pai utilizou para poder ler tudo aquilo que lhe apetecesse. Essa escolha não me escandaliza. A escolha que ele fez dos livros a ler, tipo Dickens três vezes, essa sim, considero a parte mais inverosímil do filme. o filho era, no entanto, mais sensato, e compensava o cabelo demasiado ruivo com uma sensatez muito grande na escolhe de como deveria potencial essa recém adquirida capacidade. vou utilizá-la no mor, disse ele app pai e o pai, que apesar do problema Dickensiano não era parvo nenhum, disse: fazes bem. A partir daí, Tim (o filho), passa o resto do filme a ir atrás fazer tudo para conseguir com Mary aquilo que todos nós queremos com outra pessoa: a felicidade. Consegue-a, materializando-a com os filhos e com uma vida que, se não se pudesse dizer mais nada, era pelo menos suficientemente rica para não lhe apetecer voltar atrás para fazer qualquer mudança. E isso, digo eu que não consigo viajar no tempo, já é muito bom...
10.4.15
78 - in time
Espero, por norma, pouco de um filme em que o título é um cliché e o actor principal é outro. Espero, por norma, errado. Quase nada do que espero acontece e quase sempre isso é mau. Desta vez não foi. Vivemos no futuro e até aos 25 anos não temos que nos preocupar com nada. É dinheiro em caixa. Paramos de envelhecer e dão-nos um relógio que fica indelevelmente marcado no braço esquerdo e que passa a marcar o tempo que tens para viver. e carregam-no com 365 dias. A partir daí, a vida de cada um passa a ser aquilo que cada um pode pagar para viver. Tipo telemóvel. Pode-se carregar ao minuto e a facturação é detalhada. As instituições de caridade distribuem tempo aos necessidades e as pessoas podem ceder tempo umas às outras, bastando para isso encostar os braços, se forem os braços esquerdos. Neste mundo os ricos vivem para sempre e os pobres arriscam-se a ver morrer os entes queridos porque lhes encostaram o braço esquerdo umas décimas de segundo tarde demais. As filhas, as mulheres e as mães são todas iguais e as pessoas guardam nos bancos pens com dias lá guardados. Dizem os rumores que o homem mais rico do mundo tem um milhão de anos na conta a prazo, trancafiada num banco, e parece que isso é mesmo verdade. A inflação é do caraças e de um dia para o outro podes ver a tua vida reduzida a zero, e isto literalmente. O herói cliché e a heroína oriental decidem enfrentar o sistema assaltando os bancos e dando ao desbarato o tempo que neles estava guardado. A ideia é que, quando toda a gente tiver todo o tempo do mundo, o mundo deixe de ter problemas. É a vantagem do tempo sobre o dinheiro. O tempo não desvaloriza nem diminui quando toda a gente tem muito. O tempo dura sempre o mesmo, não é sujeito a desvalorizações, nem a inflações e nem a depreciações. O tempo é universal. O tempo é absoluto. O Einstein não tinha razão...
4.4.15
77 - snowpiercer
Para combater o efeito de estufa, os líderes da humanidade resolveram lançar na atmosfera um químico que funcionou melhor do que se esperava e provocou uma glaciação em todo o planeta. Isto provocou a extinção em massa da espécie humana, que compreensivamente congelou, ficando toda ela à espera de alguém que consiga vir provar que a criogenia não é apenas uma tanga para impingir a milionários velhos. Safaram-se apenas, e porque se safam sempre alguns, ou não haveria filme, os tripulantes de um comboio construído por um milionário americano excêntrico, não que a sua excentricidade e nacionalidade tenham sido assumidas no filme, mas torna-se claro para os espectadores que geralmente quando estes dois adjectivos andam juntos, então a presunção do terceiro é quase sempre acertada. O comboio, ironicamente, era aquilo que o planeta já não poderia ser, ou seja, era um ecossistema competente, que obtinha a sua energia não sei de onde, e andava à volta do mundo, numa linha de cerca de 40.000 km de extensão que entretanto se tinha construído. Demorava um ano a completar a volta, mas aqui devo ter percebido mal, porque isso daria uma velocidade média do comboio de cerca de 4 km/h, o que me parece pouquinho, face às imagens vistas. O comboio era um ecossistema competente quer em termos naturais, quer em termos sociais. Era hierarquizado socialmente de trás para a frente, ou seja, os pobres nas últimas carruagens, fechados quase sem luz e os ricos nas primeiras, com todas as mordomias e mais algumas. Do fim para o princípio do comboio experienciam-se cinematograficamente o oito e o oitenta. Se nas últimas carruagens estão todos pobres, rotos, com fome, etc, tipo o matrix fora do Matrix, mais para a frente a profusão de cores e cenários é tanta que parece que passamos para a fábrica de chocolate do Charlie. Começamos por uma espécie de catacumbas em que a ferrugem escorre (obviamente) ferrugenta pelas paredes, passamos para uma cozinha de aço cinzento onde se preparam de uma forma moderníssima as barras protéicas que todos comem, seguimos para uma estufa de criação de ervas aromáticas (esta das ervas aromáticas foi o que me pareceu a mim, não é propriamente oficial), e depois para um talho vacas inteiras e galinhas sem pescoço penduradas pelos pés, obviamente mortas, e depois para um aquário lindíssimo, em que existem montes de peixes mas não torna muito claro onde estes vivem, e depois uma sala de aula com uma professora loira e bués de grávida, depois uma discoteca em que toda a gente abana fortemente, e depois mais um ou dois ambientes que já me esqueci, para por fim chegar à locomotiva, onde o líder rebelde, Curtis, se encontra com o construtor e dono do comboio, o tal americano excêntrico, que se chamava Wol... qualquer coisa. Do diálogo entre os dois, resulta que não tinham bem a mesma visão do mundo, e essa diferença agudiza-se quando o Wolqqcoisa resolve revelar a Curtis que o seu maior aliado era o chefe dos pobres, ídolo de curtis, entretanto morto na secção central do comboio, já em plena rebelião. Porque, explica Wolqqcoisa a Curtis, o equilíbrio social só pode ser atingido quando há diálogo constante e afinidades importantes entre os extremos sociais, neste caso e a saber, a locomotiva e a última carruagem. Tudo acaba mal quando o chinês de quem eu ainda não tinha falado estoura com uma das portas exteriores e provoca o descarrilamento do comboio, que após bater em tudo e mais alguma coisa, desintegra-se quase completamente. Combalidos, saiam de dentro do comboio Curtis, o chinês e a filha, que são mirados de uma forma muito profunda por um urso polar. E assim acaba o filme. E eu gostei bastante, não propriamente do fim, mas de tudo o que aconteceu até lá.
15.1.15
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